quarta-feira, 25 de maio de 2011

Estou de volta

Bom pessoal, depois de um intervalo de quase duas semanas, estou de volta ao blog. Ficamos essas duas semanas treinando bastante, recuperando a forma fisica e tecnica. Para aqueles que tem uma certa curiosidade de saber o que treinamos la vai. Começamos a semana passada com alguns exercicios para aprimorar alguns golpes, não vou entregar o ouro totalmente rsrsrs... Algumas mudanças foram necessárias e toda mudança precisa de tempo para treinar. Não existe invenção, tênis é muita repetição, se treina até quando chega o momento em que o jogador não precisa mais pensar para executar o golpe. Treinamos também algumas jogadas que precisam ser mais utilizadas nos jogos. Agora já está chegando o momento de jogar alguns sets para podermos utilizar o que foi treinado. Começaremos a jogar torneio novamente no dia 06 de junho, iremos a um Future em Curitiba , depois voltaremos a Europa para jogar alguns challengers. Paciência foi necessaria nestes dias que se passaram, estamos ficando prontos para voltar ao circuito. Agora iremos afinar os últimos detalhes e estaremos prontos para os próximos passos.   

sábado, 14 de maio de 2011

Parar é necessário

Estou em meu quarto no hotel de Nice, Gastão perdeu hoje na segunda rodada do qualy, não jogou bem. O dia começou cedo, primeira rodada as dez e meia da manha, vitoria em dois sets contra um tenista francês. Apesar do resultado, não foi uma boa partida, não sentiu muito a bola, pensava muito na hora de bater. Quando o tenista está assim, o sinal amarelo acende. Conversamos bastante após o jogo, e ficou evidente que para a próxima partida teria que jogar melhor, mais agressivo e com mais determinação. O adversário era o experiente americano, Michael Russel, tenista que sempre está entrando e saindo dos cem primeiros do mundo. Bobo não é. Mais uma vez  Gastão não conseguiu se encontrar, lutou até o fim, mas na verdade lutava contra si próprio. Uma briga intensa que ficava evidente a cada oportunidade perdida. Depois da partida, que terminou em dois sets, esperei que se acalmasse um pouco, tempo suficiente para que eu pensasse melhor no que estava acontecendo. Depois de um inicio de ano muito bom com objetivos alcançados, passamos por um momento duro. Os problemas começaram em Recife,  primeiro de uma série de três challengers que seriam disputados no Brasil. Gastão entraria direto em todos e seria uma grande oportunidade de crescer. Logo no primeiro sentiu uma lesão e teve que abandonar a partida na segunda rodada, depois a decisão mais dura, se retirar dos outros dois.. Voltou a Lisboa para se tratar e recuperar em tempo para jogar Estoril, torneio de maior importância disputado em seu país. Abandonou a primeira rodada com cãibras, depois dores no ombro que dificultaram nossa preparação para os outros dois challengers que veriam a seguir, Praga e Bordeaux. Tomamos a decisão de ir a Bordeaux principalmente para aproveitar a semana e treinarmos bastante. Conseguimos e chegamos a Nice bem preparados. O que faltou então? Confiança. O jogador precisa dela, na hora importante do jogo, ter a certeza do que vai fazer, talvez com esses últimos acontecimentos, Gastão a perdeu um pouco, o suficiente para mexer com seu jogo. Decisões são feitas as vezes com a razão e outras com a emoção. Essa é a hora de usar a razão, o coração pode estar pedindo para continuar jogando, mas a cabeça nesse momento precisa parar. É hora de dar um pequeno intervalo nas competições e focar no que precisamos aprimorar. Tenho certeza que em pouco tempo estaremos de volta em busca de nossos objetivos.      

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Semana em Bordeaux

Depois de cinco dias em Berdeaux temos uma pequena análise. Primeiro peço desculpas pela demora em escrever, aqui não está fácil. Internet no quarto está mais lenta que meus piques na quadra. Aproveitamos a semana para treinar e recuperar o tempo perdido pelas dores que Gastão vinha sentindo. Com bastante quadras para treino, conseguimos todos os dias longas horas de trabalho. A opção nesses torneios é sempre levantar cedo, os tenistas que ainda estão na chave só chegam um pouco mais tarde, sendo assim pudemos aproveitar muito. Apesar da derrota já vinhamos com o plano de usar esta semana para treinar. Devido as dores no ombro de Gastão, fizemos mais recuperação em Lisboa, treino duro foi esta semana. Agora a caminho de Nice, provavelmente amanha ou sexta , estamos vendo as melhores condições de viagem. O torneio de Nice um ATP 250, teve uma chave bem dura, esperamos que o qualy esteja mais disputado e portanto jogos complicados nos esperam. Fica para tras a cidade de Bordeaux, charmosa e famosa por seus vinhos. Tivemos pouco tempo para conhecer, como normalmente acontece. Quem sabe um dia poderemos curtir esta linda cidade. Por enquanto só trabalho. Quando chegarmos a Nice, espero que a internet esteja melhor, assim postar alguns videos que fizemos aqui.    

sábado, 7 de maio de 2011

Jogo duro, chuva quase estraga.

Hoje Gastão teve uma atuação muito boa, com um pequeno deslize que quase complica o jogo. Taticamente muito bem, Korolev um tenista que eu chamaria de irresponsável. O cavalo só da na bola sem dó, o problema é que não pensa nem meio segundo o que vai fazer. Para jogar com um tipo assim, deve mudar o ritmo da bola todo momento, mesclar bolas rápidas com bolas sem peso, usar slice pra quebrar o ritmo e assim por diante. Gastão começou perfeito e, já com uma quebra de saque, a partida é paralisada, quando vencia por dois games a um. Pararam perto de uns dez minutos e, como não excedeu o tempo de paralisação voltaram direto sem aquecer. Gastão jogou bem o game e manteve o serviço. Nesse momento é importante manter a vantagem. A segunda paralisação já foi um pouco mais delicada. Gastão vencia por quatro games a dois, Korolev sacando, quarenta iguais. Esta parada foi um pouco mais de duas horas, Gastão estava muito bem na partida, minha preocupação era que não entrasse desatento, neste momento tem que estar muito esperto, mexer muito as pernas e redobrar a atenção. Conversamos bem sobre isso antes de voltar pra quadra. Foi o único erro que cometeu em todo o jogo, entrou lento e um pouco desatento, suficiente para Korolev confirmar seu saque e quebrar o serviço de Gastão logo a seguir. O jogo poderia ter complicado, mas Gastão se recuperou a tempo, quebrou o serviço do adversário logo em seguida e, com autoridade fechou o primeiro set. No segundo foi um passeio, jogou firme soube segurar a pressão do adversário e fechou com segurança em seis games a um. Agora pega na segunda rodada um tenista espanhol cabeça de chave número quatro, Roberto Bautista-Agut. Aprendeu hoje que, um segundo de desatenção pode lhe custar a partida. Amanha com certeza esse erro não se repetirá.   

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Bordeaux uma pedreira pela frente

Estamos em Bordeaux, amanha começa o qualy. Um challenger de cem mil dólares de premiação. A chave principal fechou duríssima, abaixo de cento e cinquenta, o qualy não poderia ser diferente, fechou abaixo de quatrocentos. Nenhum qualy esteve tão duro como esse. Para se ter uma ideia o cabeça um do qualy é o número cento e cinquenta do mundo, temos jogadores como, Nicolas Massu medalha de ouro nos jogos olímpicos, Jose Acasuso ex top trinta, Olivier Patience , entre outros. Para se ter uma ideia, os oito primeiros cabeças de chave, estão entre os duzentos melhores do mundo. Um torneio ATP 250 dificilmente fecha assim. Excelente nível de challenger. Gastão estreia amanha contra o Kazaquistanês Evegeny Korolev, um jogador que já esteve  entre os cinquenta melhores do mundo, jogo duro, mas confio em Gastão. O mais importante pra mim é que está se recuperando muito bem do ombro, não sente mais dores e já treinou muito bem hoje. Agora é descansar e começar a pensar no jogo de amanha, qualy tem que ir por etapas, jogo a jogo, são três jogos para qualificar e um mais difícil que o outro. O clima aqui está muito bom, hoje um sol com uma pequena chuva no final do dia, quadra um pouco rápida e as bolas as mesmas de Roland Garros. Tudo pronto para começar.
Vale lembrar o grande resultado da semana de Belucci, semi final depois de duas importantes vitórias, Thomaz estava precisando de um resultado como esse para pegar confiança e ir em frente. Parabéns e sorte amanha.   

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Olimpíada de Barcelona 1992

Estou em Lisboa junto com Cassiano Costa e Gastão Elias, estamos trabalhando em sua recuperação depois de alguns dias com dores em seu ombro. Hoje ficamos tranquilos com a avaliação médica, foi constatado uma simples tensão muscular e amanha já voltamos aos treinos. Enquanto isso resolvi escrever um pouco sobre um dos momentos mais marcantes de minha carreira, olimpíada de Barcelona. Jogada em 1992, quando tinha vinte e um anos. Era minha primeira olimpíada e estava ansioso por chegar a vila olímpica, queria me encontrar com outros atletas, até então atletas que só tinha tido a possibilidade de ver pela televisão. Lembro-me bem dos primeiros dias parecia que estava em um parque de diversões. Meu lugar preferido era o refeitório, enorme e sempre que podia ficava horas sentado vendo os atletas de diferentes modalidades, era muito engraçado notar a diferença de cada um. Entrava umas pequenininhas todas fortinhas já logo deduzia, ginastica olímpica, depois entravam uns armários de no mínimo dois metros, basquete. Mais um pouco belas mulheres com corpos esguios e pernas bem torneadas, time de volei  , e assim por diante. Estava tão deslumbrado com tudo aquilo, quase esqueci que eu também era um dos atletas e que estava la para competir. Na primeira rodada quase perco para um tenista desconhecido, se não me engano do Egito. Lembro que depois desse jogo parei tudo e me concentrei na competição, me dei conta que estava com a cabeça em Marte. Um dia estava comendo e, Paulo Cleto que era o treinador do time brasileiro me perguntou por que estava tão quieto, normalmente fico sempre tirando sarro dos outros e brincando, desta vez não abria a boca. Contei que tinha me dado conta do erro que estava cometendo e que de agora em diante iria me concentrar na olimpíada. Na segunda rodada uma das vitórias mais marcantes, tinha pela frente o americano Michael Chang, campeão de Roland Garros e um dos mais rápidos tenistas da epoca. Minha tática, bolas curtas, tinha que tirá-lo do fundo da quadra. Chang gostava de jogos com bastante trocas de bola e sempre estava bem posicionado para batê-las. Nuca dei tanta curtinha em um jogo, deixei o cara completamente maluco, no dia seguinte estou entrando no vestiário e Tim Gulikson, que era o treinador dos americanos comentou com uma outra pessoa.... olha esse ai pegou o cara mais rápido do circuito e encheu ele de curtinha..., eu só dei uma pequena risada. Mais uma vitória adiante frente a Mark Kovermans, Holandês que sempre teve bons resultados e um jogador perigoso. A próxima rodada quartas de final, uma vitória e, já teria garantido medalha de bronze. Não existia disputa de terceiro lugar, os perdedores  da semi final levavam o bronze pra casa. Perdi para um russo, Andrei Cherkasov, em uma batalha de cinco sets, onde tive uma recuperação quando perdia de dois sets a zero,cheguei a buscar o jogo e ainda tive uma chance de quebra no quinto set, mas ao final fui derrotado. Mas a partir deste momento ganhei respeito pelos outros jogadores. Mais alguns anos adiante iria jogar minha segunda olimpíada, Sidney 2000. Mas como o ditado diz, a primeira a gente nunca esquece....