segunda-feira, 2 de maio de 2011

Olimpíada de Barcelona 1992

Estou em Lisboa junto com Cassiano Costa e Gastão Elias, estamos trabalhando em sua recuperação depois de alguns dias com dores em seu ombro. Hoje ficamos tranquilos com a avaliação médica, foi constatado uma simples tensão muscular e amanha já voltamos aos treinos. Enquanto isso resolvi escrever um pouco sobre um dos momentos mais marcantes de minha carreira, olimpíada de Barcelona. Jogada em 1992, quando tinha vinte e um anos. Era minha primeira olimpíada e estava ansioso por chegar a vila olímpica, queria me encontrar com outros atletas, até então atletas que só tinha tido a possibilidade de ver pela televisão. Lembro-me bem dos primeiros dias parecia que estava em um parque de diversões. Meu lugar preferido era o refeitório, enorme e sempre que podia ficava horas sentado vendo os atletas de diferentes modalidades, era muito engraçado notar a diferença de cada um. Entrava umas pequenininhas todas fortinhas já logo deduzia, ginastica olímpica, depois entravam uns armários de no mínimo dois metros, basquete. Mais um pouco belas mulheres com corpos esguios e pernas bem torneadas, time de volei  , e assim por diante. Estava tão deslumbrado com tudo aquilo, quase esqueci que eu também era um dos atletas e que estava la para competir. Na primeira rodada quase perco para um tenista desconhecido, se não me engano do Egito. Lembro que depois desse jogo parei tudo e me concentrei na competição, me dei conta que estava com a cabeça em Marte. Um dia estava comendo e, Paulo Cleto que era o treinador do time brasileiro me perguntou por que estava tão quieto, normalmente fico sempre tirando sarro dos outros e brincando, desta vez não abria a boca. Contei que tinha me dado conta do erro que estava cometendo e que de agora em diante iria me concentrar na olimpíada. Na segunda rodada uma das vitórias mais marcantes, tinha pela frente o americano Michael Chang, campeão de Roland Garros e um dos mais rápidos tenistas da epoca. Minha tática, bolas curtas, tinha que tirá-lo do fundo da quadra. Chang gostava de jogos com bastante trocas de bola e sempre estava bem posicionado para batê-las. Nuca dei tanta curtinha em um jogo, deixei o cara completamente maluco, no dia seguinte estou entrando no vestiário e Tim Gulikson, que era o treinador dos americanos comentou com uma outra pessoa.... olha esse ai pegou o cara mais rápido do circuito e encheu ele de curtinha..., eu só dei uma pequena risada. Mais uma vitória adiante frente a Mark Kovermans, Holandês que sempre teve bons resultados e um jogador perigoso. A próxima rodada quartas de final, uma vitória e, já teria garantido medalha de bronze. Não existia disputa de terceiro lugar, os perdedores  da semi final levavam o bronze pra casa. Perdi para um russo, Andrei Cherkasov, em uma batalha de cinco sets, onde tive uma recuperação quando perdia de dois sets a zero,cheguei a buscar o jogo e ainda tive uma chance de quebra no quinto set, mas ao final fui derrotado. Mas a partir deste momento ganhei respeito pelos outros jogadores. Mais alguns anos adiante iria jogar minha segunda olimpíada, Sidney 2000. Mas como o ditado diz, a primeira a gente nunca esquece....