sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mais velinho...

Depois de completar quarenta e um anos ontem, me sinto mais jovem. Se não fosse pela minha falta de cabelo em alguns pontos de minha cabeça, diria que tenho quarenta anos. Aproveito para agradecer todas as mensagens que me foram enviadas, fiquei muito feliz com o carinho recebido de tantas pessoas. Em um momento de minha carreira que exige muita calma e esperança, nada melhor do que ter recebido tantas palavras de felicidade e saúde..agradeço do fundo do meu coração. Deixei Gastão ontem no aeroporto de Viracopos com destino a Lisboa. Depois de passar dez dias de fisioterapia intensa, conseguimos uma boa melhora mas não o suficiente para voltarmos a jogar. Decidimos que era melhor Gastão voltar e enfrentar mais uns dias de tratamento em casa. Importante neste momento ter o apoio e carinho da família. Gastão da uma importância grande a isso, tem o pai como um ídolo e a mãe como um porto seguro, sem contar com Bia, sua irmã e melhor amiga. Tenho certeza que o receberão com muita alegria e não deixarão que a tristeza do momento o abale. Conversamos bastante e ficou claro que é apenas uma fase que estamos passando, em um determinado momento de minha carreira também me lesionei e vivi dias conturbados. Nesse momento várias coisas passam por nossa cabeça, fundamental não desanimar, lutar e não desistir, é o caminho. Ao lado dos pais vai buscar força e mais otimismo. Não tenho duvidas que Gastão tem um lugar especial guardado para ele entre os melhores, é um garoto que trabalha duro e não só merece como tem talento para isso. Agora é preciso calma e paciência, com certeza voltaremos fortes. 

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Apenas um desabafo

Eu estou a quase uma semana sem poder dar treino. Estou ficando louco, a coisa mais frustrante é não se sentir útil. Sei que nesses momentos de lesões nós temos que ter paciência, mas tem hora que da desespero.. Nem sei se deveria estar escrevendo sobre isso, mas acabo usando o blog como um diário e resolvi dividir com vocês minha agonia. Quero ver Gastão recuperado, quero vê-lo na quadra correndo , lutando e sendo feliz. Talvez por isso minha ansiedade. Encontro pessoas no clube na academia e sempre me perguntam e ae? Como ta o Gastão? Quando volta? Não sei. Está trabalhando duro, fazendo fisioterapia todos os dias, tenho certeza que também tem essa ansiedade de voltar, programamos e desprogramamos o calendário algumas vezes. É fogo mas não tem outra maneira. Cada semana que passa aumenta a vontade de voltar, temos que ter calma. O duro para o jogador é ver seus companheiros jogando e tendo resultados, e você não pode fazer nada. Fica aquela vontade de entrar na quadra e arrebentar. Vamos Gastão, é mais um desafio que está sendo colocado a nossa frente e vamos vence-lo. Esse adversário está atrapalhando um pouco os nossos planos, mas não vai vencer esta partida. Não podemos desanimar. Que essa ventania que destruiu muitas coisas e fez o tempo mudar radicalmente, traga a melhora que estamos buscando . Que os adversários fiquem prontos por que quando voltarmos vamos arrebentar........

terça-feira, 7 de junho de 2011

Uma das maiores duras que tomei...

Hoje vou escrever sobre um momento de minha carreira. Na verdade uma das maiores duras que tomei em uma partida. O ano era 1992, o jogo de Copa Davis contra Itália, a partida era a quarta do confronto, e  o adversário Stefhano Pescosolido. O Brasil era formado por Luiz Mattar, Cássio Motta, Fernando Roese e eu. O treinador Paulo Cleto. Vencíamos o confronto por dois a um. No primeiro dia em um jogo duríssimo, Mattar é derrotado por Omar Camporese, depois em cinco sets venço Paolo Cané. No segundo dia a nossa dupla formada por Roese e Motta, bate os italianos Camporese/ Nargiso. Entramos no terceiro dia precisando apenas de uma vitória para levar o Brasil a semi final do grupo mundial. Jogo a primeira partida do dia contra Pescosolido. Um jogador que sacava muito bem e que tinha uma bela direita. Começo a partida muito bem, sempre gostei de jogar Davis, na minha cabeça era o único momento que tínhamos a verdadeira oportunidade de jogar por nosso país, é a hora que o Brasil todo está torcendo e te acompanhando. Normalmente o tenista está do outro lado do mundo e ninguém tem a menor ideia do que se passa com ele. Na Davis não, todos os fãs de tênis estão assistindo naquele dia. Até hoje, se me perguntam se sinto falta do circuito, respondo que sinto falta de Copa Davis, sempre que fui me entreguei de corpo e alma. Voltamos ao jogo senão começo a chorar rsrsrs... Como escrevi antes comecei muito bem, não dando chances ao italiano, venci os dois primeiros sets e a torcida crescia comigo, era uma sensação maravilhosa, quando começou o terceiro set Pescosolido esboçou uma reação, os torcedores italianos começaram a me perturbar todo momento que eu passava por perto deles. Falavam que eu estava cansado e começaram a entrar em minha cabeça. Hoje percebo com clareza o que aconteceu, comecei a ficar nervoso com o jogo e parei completamente . Perdi o terceiro set, nessa época, entre o terceiro e quarto set, havia um intervalo de dez minutos, os dois times saiam para o vestiário. Ao entrar no vestiário sentei e pedi para a fisio da equipe, Silviane Vezani, uma das melhores que já conheci, soltar um pouco as minhas pernas. Agora vem a dura..... Quando ela já estava se posicionando para começar, Paulo Cleto solta o verbo...."Tira a mão dele, que foi ta se borrando? Você não é  de se borrar ,pode parar, volta lá e acaba com isso, eu te conheço você não é cag...." As pessoas tem que saber levar dura, eu estava precisando, realmente eu estava com medo. Hoje vejo que foi fundamental escutar aquilo, na verdade troquei algumas palavras aqui, não poderia escrever ao pé da letra o nosso diálogo, na real um monólogo, pois só escutei. Só sei que na hora levantei e comecei a pular, as minhas palavras foram " to bem , to bem" . Voltei pra quadra e depois de três games jogados Pescosolido começa a ter cãibra no corpo inteiro e tem que se retirar. Vitória do Brasil e nos classificamos para semi final. A dura foi necessária e, hoje, eu e Paulo, rimos desses momentos.  Muitos não sabem lidar com esse tipo de reação e já arrumam a desculpa para derrota. Paulo me conhecia bem e sabia que podia tirar mais de mim, eu já tinha mostrado que não era cag...............           

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Lesões na vida de um atleta.

Infelizmente começo não dando boas notícias. Mais uma vez uma lesão nos deixa sem a possibilidade de jogar um torneio. Estávamos prontos para Curitiba, já com saudades da competição, infelizmente Gastão voltou a sentir suas costas e tivemos que nos retirar de Curitiba. O diagnóstico não é desanimador, mas nos obriga a parar por alguns dias. Muita fisioterapia nesses dias e acredito que a partir de quarta feira já reiniciamos o treino. Para qualquer atleta esse é o pior momento, estava pronto, jogando muito bem, louco para voltar a jogar. Agora tem que ter um pouco de paciência e saber que isso acontece na vida de um atleta de alto rendimento. Ao menos já sabemos do que se trata e como tem que ser feito o tratamento , e na minha opinião o mais importante, a manutenção após a recuperação. São exercícios de prevenção que teremos que fazer pra sempre. Para quem não é do meio até pode assustar, mas nós sabemos que existem vários atletas que precisam estar o tempo todo fazendo algum tipo de exercício para poder seguir no esporte. Nada mais é que uma atenção especial para um determinado grupo muscular. Gastão tem uma cabeça boa e já passou por situações muito piores, tenho certeza que voltaremos em breve e mais fortes para enfrentarmos o circuito profissional. O que precisamos agora é de força e apoio de todos que nos tem acompanhado nesse tempo todo. Tenho certeza que estarão ao nosso lado quando voltarmos.