terça-feira, 7 de junho de 2011

Uma das maiores duras que tomei...

Hoje vou escrever sobre um momento de minha carreira. Na verdade uma das maiores duras que tomei em uma partida. O ano era 1992, o jogo de Copa Davis contra Itália, a partida era a quarta do confronto, e  o adversário Stefhano Pescosolido. O Brasil era formado por Luiz Mattar, Cássio Motta, Fernando Roese e eu. O treinador Paulo Cleto. Vencíamos o confronto por dois a um. No primeiro dia em um jogo duríssimo, Mattar é derrotado por Omar Camporese, depois em cinco sets venço Paolo Cané. No segundo dia a nossa dupla formada por Roese e Motta, bate os italianos Camporese/ Nargiso. Entramos no terceiro dia precisando apenas de uma vitória para levar o Brasil a semi final do grupo mundial. Jogo a primeira partida do dia contra Pescosolido. Um jogador que sacava muito bem e que tinha uma bela direita. Começo a partida muito bem, sempre gostei de jogar Davis, na minha cabeça era o único momento que tínhamos a verdadeira oportunidade de jogar por nosso país, é a hora que o Brasil todo está torcendo e te acompanhando. Normalmente o tenista está do outro lado do mundo e ninguém tem a menor ideia do que se passa com ele. Na Davis não, todos os fãs de tênis estão assistindo naquele dia. Até hoje, se me perguntam se sinto falta do circuito, respondo que sinto falta de Copa Davis, sempre que fui me entreguei de corpo e alma. Voltamos ao jogo senão começo a chorar rsrsrs... Como escrevi antes comecei muito bem, não dando chances ao italiano, venci os dois primeiros sets e a torcida crescia comigo, era uma sensação maravilhosa, quando começou o terceiro set Pescosolido esboçou uma reação, os torcedores italianos começaram a me perturbar todo momento que eu passava por perto deles. Falavam que eu estava cansado e começaram a entrar em minha cabeça. Hoje percebo com clareza o que aconteceu, comecei a ficar nervoso com o jogo e parei completamente . Perdi o terceiro set, nessa época, entre o terceiro e quarto set, havia um intervalo de dez minutos, os dois times saiam para o vestiário. Ao entrar no vestiário sentei e pedi para a fisio da equipe, Silviane Vezani, uma das melhores que já conheci, soltar um pouco as minhas pernas. Agora vem a dura..... Quando ela já estava se posicionando para começar, Paulo Cleto solta o verbo...."Tira a mão dele, que foi ta se borrando? Você não é  de se borrar ,pode parar, volta lá e acaba com isso, eu te conheço você não é cag...." As pessoas tem que saber levar dura, eu estava precisando, realmente eu estava com medo. Hoje vejo que foi fundamental escutar aquilo, na verdade troquei algumas palavras aqui, não poderia escrever ao pé da letra o nosso diálogo, na real um monólogo, pois só escutei. Só sei que na hora levantei e comecei a pular, as minhas palavras foram " to bem , to bem" . Voltei pra quadra e depois de três games jogados Pescosolido começa a ter cãibra no corpo inteiro e tem que se retirar. Vitória do Brasil e nos classificamos para semi final. A dura foi necessária e, hoje, eu e Paulo, rimos desses momentos.  Muitos não sabem lidar com esse tipo de reação e já arrumam a desculpa para derrota. Paulo me conhecia bem e sabia que podia tirar mais de mim, eu já tinha mostrado que não era cag...............           

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Lesões na vida de um atleta.

Infelizmente começo não dando boas notícias. Mais uma vez uma lesão nos deixa sem a possibilidade de jogar um torneio. Estávamos prontos para Curitiba, já com saudades da competição, infelizmente Gastão voltou a sentir suas costas e tivemos que nos retirar de Curitiba. O diagnóstico não é desanimador, mas nos obriga a parar por alguns dias. Muita fisioterapia nesses dias e acredito que a partir de quarta feira já reiniciamos o treino. Para qualquer atleta esse é o pior momento, estava pronto, jogando muito bem, louco para voltar a jogar. Agora tem que ter um pouco de paciência e saber que isso acontece na vida de um atleta de alto rendimento. Ao menos já sabemos do que se trata e como tem que ser feito o tratamento , e na minha opinião o mais importante, a manutenção após a recuperação. São exercícios de prevenção que teremos que fazer pra sempre. Para quem não é do meio até pode assustar, mas nós sabemos que existem vários atletas que precisam estar o tempo todo fazendo algum tipo de exercício para poder seguir no esporte. Nada mais é que uma atenção especial para um determinado grupo muscular. Gastão tem uma cabeça boa e já passou por situações muito piores, tenho certeza que voltaremos em breve e mais fortes para enfrentarmos o circuito profissional. O que precisamos agora é de força e apoio de todos que nos tem acompanhado nesse tempo todo. Tenho certeza que estarão ao nosso lado quando voltarmos.   

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Estou de volta

Bom pessoal, depois de um intervalo de quase duas semanas, estou de volta ao blog. Ficamos essas duas semanas treinando bastante, recuperando a forma fisica e tecnica. Para aqueles que tem uma certa curiosidade de saber o que treinamos la vai. Começamos a semana passada com alguns exercicios para aprimorar alguns golpes, não vou entregar o ouro totalmente rsrsrs... Algumas mudanças foram necessárias e toda mudança precisa de tempo para treinar. Não existe invenção, tênis é muita repetição, se treina até quando chega o momento em que o jogador não precisa mais pensar para executar o golpe. Treinamos também algumas jogadas que precisam ser mais utilizadas nos jogos. Agora já está chegando o momento de jogar alguns sets para podermos utilizar o que foi treinado. Começaremos a jogar torneio novamente no dia 06 de junho, iremos a um Future em Curitiba , depois voltaremos a Europa para jogar alguns challengers. Paciência foi necessaria nestes dias que se passaram, estamos ficando prontos para voltar ao circuito. Agora iremos afinar os últimos detalhes e estaremos prontos para os próximos passos.   

sábado, 14 de maio de 2011

Parar é necessário

Estou em meu quarto no hotel de Nice, Gastão perdeu hoje na segunda rodada do qualy, não jogou bem. O dia começou cedo, primeira rodada as dez e meia da manha, vitoria em dois sets contra um tenista francês. Apesar do resultado, não foi uma boa partida, não sentiu muito a bola, pensava muito na hora de bater. Quando o tenista está assim, o sinal amarelo acende. Conversamos bastante após o jogo, e ficou evidente que para a próxima partida teria que jogar melhor, mais agressivo e com mais determinação. O adversário era o experiente americano, Michael Russel, tenista que sempre está entrando e saindo dos cem primeiros do mundo. Bobo não é. Mais uma vez  Gastão não conseguiu se encontrar, lutou até o fim, mas na verdade lutava contra si próprio. Uma briga intensa que ficava evidente a cada oportunidade perdida. Depois da partida, que terminou em dois sets, esperei que se acalmasse um pouco, tempo suficiente para que eu pensasse melhor no que estava acontecendo. Depois de um inicio de ano muito bom com objetivos alcançados, passamos por um momento duro. Os problemas começaram em Recife,  primeiro de uma série de três challengers que seriam disputados no Brasil. Gastão entraria direto em todos e seria uma grande oportunidade de crescer. Logo no primeiro sentiu uma lesão e teve que abandonar a partida na segunda rodada, depois a decisão mais dura, se retirar dos outros dois.. Voltou a Lisboa para se tratar e recuperar em tempo para jogar Estoril, torneio de maior importância disputado em seu país. Abandonou a primeira rodada com cãibras, depois dores no ombro que dificultaram nossa preparação para os outros dois challengers que veriam a seguir, Praga e Bordeaux. Tomamos a decisão de ir a Bordeaux principalmente para aproveitar a semana e treinarmos bastante. Conseguimos e chegamos a Nice bem preparados. O que faltou então? Confiança. O jogador precisa dela, na hora importante do jogo, ter a certeza do que vai fazer, talvez com esses últimos acontecimentos, Gastão a perdeu um pouco, o suficiente para mexer com seu jogo. Decisões são feitas as vezes com a razão e outras com a emoção. Essa é a hora de usar a razão, o coração pode estar pedindo para continuar jogando, mas a cabeça nesse momento precisa parar. É hora de dar um pequeno intervalo nas competições e focar no que precisamos aprimorar. Tenho certeza que em pouco tempo estaremos de volta em busca de nossos objetivos.      

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Semana em Bordeaux

Depois de cinco dias em Berdeaux temos uma pequena análise. Primeiro peço desculpas pela demora em escrever, aqui não está fácil. Internet no quarto está mais lenta que meus piques na quadra. Aproveitamos a semana para treinar e recuperar o tempo perdido pelas dores que Gastão vinha sentindo. Com bastante quadras para treino, conseguimos todos os dias longas horas de trabalho. A opção nesses torneios é sempre levantar cedo, os tenistas que ainda estão na chave só chegam um pouco mais tarde, sendo assim pudemos aproveitar muito. Apesar da derrota já vinhamos com o plano de usar esta semana para treinar. Devido as dores no ombro de Gastão, fizemos mais recuperação em Lisboa, treino duro foi esta semana. Agora a caminho de Nice, provavelmente amanha ou sexta , estamos vendo as melhores condições de viagem. O torneio de Nice um ATP 250, teve uma chave bem dura, esperamos que o qualy esteja mais disputado e portanto jogos complicados nos esperam. Fica para tras a cidade de Bordeaux, charmosa e famosa por seus vinhos. Tivemos pouco tempo para conhecer, como normalmente acontece. Quem sabe um dia poderemos curtir esta linda cidade. Por enquanto só trabalho. Quando chegarmos a Nice, espero que a internet esteja melhor, assim postar alguns videos que fizemos aqui.    

sábado, 7 de maio de 2011

Jogo duro, chuva quase estraga.

Hoje Gastão teve uma atuação muito boa, com um pequeno deslize que quase complica o jogo. Taticamente muito bem, Korolev um tenista que eu chamaria de irresponsável. O cavalo só da na bola sem dó, o problema é que não pensa nem meio segundo o que vai fazer. Para jogar com um tipo assim, deve mudar o ritmo da bola todo momento, mesclar bolas rápidas com bolas sem peso, usar slice pra quebrar o ritmo e assim por diante. Gastão começou perfeito e, já com uma quebra de saque, a partida é paralisada, quando vencia por dois games a um. Pararam perto de uns dez minutos e, como não excedeu o tempo de paralisação voltaram direto sem aquecer. Gastão jogou bem o game e manteve o serviço. Nesse momento é importante manter a vantagem. A segunda paralisação já foi um pouco mais delicada. Gastão vencia por quatro games a dois, Korolev sacando, quarenta iguais. Esta parada foi um pouco mais de duas horas, Gastão estava muito bem na partida, minha preocupação era que não entrasse desatento, neste momento tem que estar muito esperto, mexer muito as pernas e redobrar a atenção. Conversamos bem sobre isso antes de voltar pra quadra. Foi o único erro que cometeu em todo o jogo, entrou lento e um pouco desatento, suficiente para Korolev confirmar seu saque e quebrar o serviço de Gastão logo a seguir. O jogo poderia ter complicado, mas Gastão se recuperou a tempo, quebrou o serviço do adversário logo em seguida e, com autoridade fechou o primeiro set. No segundo foi um passeio, jogou firme soube segurar a pressão do adversário e fechou com segurança em seis games a um. Agora pega na segunda rodada um tenista espanhol cabeça de chave número quatro, Roberto Bautista-Agut. Aprendeu hoje que, um segundo de desatenção pode lhe custar a partida. Amanha com certeza esse erro não se repetirá.   

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Bordeaux uma pedreira pela frente

Estamos em Bordeaux, amanha começa o qualy. Um challenger de cem mil dólares de premiação. A chave principal fechou duríssima, abaixo de cento e cinquenta, o qualy não poderia ser diferente, fechou abaixo de quatrocentos. Nenhum qualy esteve tão duro como esse. Para se ter uma ideia o cabeça um do qualy é o número cento e cinquenta do mundo, temos jogadores como, Nicolas Massu medalha de ouro nos jogos olímpicos, Jose Acasuso ex top trinta, Olivier Patience , entre outros. Para se ter uma ideia, os oito primeiros cabeças de chave, estão entre os duzentos melhores do mundo. Um torneio ATP 250 dificilmente fecha assim. Excelente nível de challenger. Gastão estreia amanha contra o Kazaquistanês Evegeny Korolev, um jogador que já esteve  entre os cinquenta melhores do mundo, jogo duro, mas confio em Gastão. O mais importante pra mim é que está se recuperando muito bem do ombro, não sente mais dores e já treinou muito bem hoje. Agora é descansar e começar a pensar no jogo de amanha, qualy tem que ir por etapas, jogo a jogo, são três jogos para qualificar e um mais difícil que o outro. O clima aqui está muito bom, hoje um sol com uma pequena chuva no final do dia, quadra um pouco rápida e as bolas as mesmas de Roland Garros. Tudo pronto para começar.
Vale lembrar o grande resultado da semana de Belucci, semi final depois de duas importantes vitórias, Thomaz estava precisando de um resultado como esse para pegar confiança e ir em frente. Parabéns e sorte amanha.